domingo, 7 de março de 2010

Matemática Lírica

Um Quociente apaixonou-se
Um dia
Doidamente
Por uma Incógnita.
Olhou-a com seu olhar inumerável
E viu-a,
do Ápice
à Base...
Uma Figura Ímpar;
Olhos rombóides,
boca trapezóide,
Corpo ortogonal,
seios esferóides.
Fez da sua
Uma vida
Paralela a dela.
Até que se encontraram
No Infinito.
"Quem és tu?"
Indagou ele
Com ânsia radical.
"Sou a soma do quadrado dos catetos.
Mas podes chamar-me de Hipotenusa".
E de falarem descobriram
que eram - O que, em aritmética,
corresponde
A almas irmãs - Primos-entre-si.
E assim se amaram
Ao quadrado da velocidade da luz.
Numa sexta potenciação
Traçando
Ao sabor do momento
E da paixão
Rectas, curvas, círculos e linhas senoidais.
Escandalizaram os ortodoxos das fórmulas euclidianas
E os exegetas do Universo Finito.
Romperam convenções newtonianas e pitagóricas.
E, enfim, resolveram casar-se
Constituir um lar.
Mais que um lar.
Uma Perpendicular.
Convidaram para padrinhos
O Poliedro e a Bissectriz.
E fizeram planos,
equações e diagramas para o futuro
Sonhando com uma felicidade Integral
E diferencial.
E casaram-se e tiveram uma secante e três cones
Muito engraçadinhos.
E foram felizes
Até aquele dia
Em que tudo, afinal,
Vira monotonia.
Foi então que surgiu
O Máximo Divisor Comum...
Frequentador de Círculos Concêntricos.
Viciosos.
Ofereceu-lhe, a ela,
Uma Grandeza Absoluta,
E reduziu-a a um Denominador Comum.
Ele, Quociente,
percebeu
Que com ela não formava mais
Um Todo. Uma Unidade.
Era o Triângulo,
Tanto chamado amoroso.
Desse problema ela era a fracção
Mais ordinária.
Mas foi então que Einstein descobriu a Relatividade.
E tudo que era espúrio passou a ser Moralidade
Como, aliás, em qualquer Sociedade.

Dedico este poema a todos aqueles que, tal como eu, partilham o gosto pela MATEMÁTICA, mas marticulartente àqueles, que de serto modo, contribui para que gostassem de MATEMÁTICA, os meus alunos.